O Povo anda confuso! Tão confuso que nem protesta porque não sabe ao certo contra "que" ou contra "quem" rebelar-se: o que é anunciado num dia por um é desmentido ou anunciado diferente por outro no dia seguinte, e ora vem o indigitado PM - com o seu falar manso e compenetrado de bom aluno e aquele seu jeito de juntar o polegar ao indicador, como se fosse enfiar uma agulha- anunciar contristado o que o mandaram anunciar, ora temos o ministro Gaspar relatando monotona e isotericamente os preceitos financeiros que vai inventando para a salvação do "deficit", ora o destemido Relvas , sem meias medidas, reforçando o que o primeiro anunciou e a inevitabilidade das renovadas diligências do segundo.
O Povo não entende! O que apenas deseja saber é o que mais quererão dele!
Entretanto dá-se-lhe austeridade e pede-se solidariedade! Não é fácil conjugar as duas coisas, especialmente quando o País se encosta cada vez mais ao tão gabado instinto de solidariedade dos portugueses. O Estado parece querer contar infinitamente com essa "solidariedade" que quando chamada de "caridade" tão mal vista era.
A verdade é que não há país nenhum que possa dar-se ao luxo de eliminar todas as suas obrigações contando com a generosidade de um povo estrangulado pela austeridade!
Tudo tem tido um fim e a solidariedade - por mais que a gabem e cultivem o ego dos generosos...- também terá, inevitavelmente, um fim.
Esse fim chegará quando encurtarmos o círculo das nossas preocupações fazendo-as recair sobre os nossos familiares, amigos, e mais próximos. E isto ainda se a austeridade nos permitir sair de nós próprios.
Aí as instituições, por mais credíveis, terão de fazer face aos seus compromissos com a sociedade através dos orçamentos estáveis conferidos por organizações internacionais e pelos respectivos patrocinadores. Os anónimos voluntários acabarão por desmobilizar quando a austeridade se começar a aproximar da pobreza e entre os "novos pobres" se começar a divisar gente que tem dinheiro para tudo menos para os alimentos.
Tudo tem um limite e começamos a estar saturados da agressão contínua a que a pobreza - a verdadeira e a oportunista - sujeita o nosso coração compadecido e a nossa bolsa.
Estamos saturados de que nos peçam que piedosamente subsideemos tudo o que com os impostos que pagamos - e que servem para alimentar o grosseiro e insaciável apetite dos vários Catrogas, "reformados" constantes de uma geração que se recusa a largar a ribalta, boicotando despudoradamente o acesso à governação às gerações mais jovens - deveriam proporcionar aos "mais carenciados" e fazê-lo com a "equidade" com que os emplumados Cavaco e Senhora abrilhantam os piedosos discursos, nos intervalos das actividades culturais que terão descoberto há uma décadas e de que se auto-nomearam mecenas.
Acabados de descer a Avenida da Liberdade, e procurando corresponder ao constante assédio da miséria que por lá se estende, ficamos com a sensação de que a arrastar-se o percurso os últimos da fila seriamos nós.
Não tardará que deixemos de estar disponíveis para senhoras todas aperaltadas que todos os dias nos estendem sacos à entrada dos supermercados; para deitar moedas nas latas com laço azul, rosa ou encarnado que uns fulanos de "identificação" ao pescoço nos estendem; para acedermos por medo a pedintes rodeados de tenebrosos cães que a Câmara Municipal - a quem também pagamos - consente que nos ladrem em pleno Chiado; para ajudarmos imigrantes que a incúria do Estado permitiu sem antes cuidar de saber da viabilidade da sua integração e, posteriormente, de arranjar modo de os fazer regressar aos seus países; para subsidiarmos a ajuda a crianças com problemas num país onde o mesmo Estado que não tem meios para manter os necessários cuidados gasta indiscrininadamente os impostos dos "pró" e "contra" o aborto com aquilo a que estupidamente chama "interrupção voluntária da gravidez"; para comprarmos passes sociais para transportes que não se realizam porque, para além da obstinação política dos sindicatos, o Estado cede ao poderoso lobby do sector automóvel e não promove as necessárias medidas para subsidiar os transportes públicos e aliviar o trânsito nas cidades; para, enfim, sermos nós, os "solidários", um outro país que, juntamente com a economia paralela, sustenta simultaneamente a miséria e uma corja de gerontes que se alaparam no Estado e conhecem todas as manhas para se serviram dele.
Jardim - o grande Jardim, cujo amor à Madeira o faz esquecer tudo o resto, incluindo a má-vontade contra o "senhor Silva", sempre disponível para o ajudar - vá-se lá saber porquê...- não desarma! Será ele o último resistente e tudo faz crer que com êxito! "Malgré tout" é ele o único que, estruturalmente - que não conjunturalmente... - se manteve sempre igual a si próprio. Nós, os do "contnente", temos razão para estar contra ele. Mas os madeirenses jamais o esquecerão!
Quanto aos outros políticos, revolucionários detractores do "ancien regime" ou habilidosos manipuladores da opinião pública, terão como destino, mais cedo ou mais tarde, a negação e o posterior esquecimento. A fundação Mário Soares acabará mudando de nome ou simplesmente acabando (se tal aconteceu com a "ponte Salazar"...), os livros e entrevistas serão esquecidos e relegados para a poeira do Tempo, os netos presidenciais terão o destino triste e inadaptado que tiveram os de anteriores presidentes. Tudo passa! Passa o bem e passa o mal. Basta ler o Eclesiastes!
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